domingo, 4 de março de 2012

Da cultura das Midias para à Cibercultura


O blog perspectiva M está sempre por dentro das últimas notícias do universo audiovisual publicitário. Mas como chegou nisso? Por que as peças publicitárias são veiculadas dessa maneira? O post de hoje vai tentar esclarecer parte do desenvolvimento da comunicação, dos veículos e da cultura em si. Com base no texto Da cultura das mídias à cibercultura: o advento do pós humano, escrito por Lúcia Santaella, pesquisadora brasileira e professora titular da PUC-SP, discutiremos a transição da cultura e seu impacto no comportamento social. Ao longo dos anos, pode-se dizer que o mundo sofreu diversas formações culturais. Da forma que Santaella se posiciona, estas formações não são consideradas ou divididas em épocas, já que este conceito é utilizado quando envolve um término entre uma fase e outra. Quando falamos de cultura, falamos de um processo cumulativo que não requer o total esquecimento de algo aprendido anteriormente.  Com isso, as culturas passadas não se tornam obsoletas e acabam estando sempre presente na formação atual, mesmo que com menos intensidade. A pesquisadora descreve a cultura como sendo um organismo vivo, já que está sempre se adaptando ao próprio desenvolvimento da raça humana e ao que é produzido pela mesma.

Estas pseudo-eras são responsáveis não só por “moldar o pensamento e a sensibilidade dos seres humanos, mas também por propiciar o surgimento de novos ambientes socioculturais.” Dentre as formações culturais estão a cultura das mídias e a cultura digital, ou cibercultura. A autora tenta separar uma fase da outra já que, para muitos, a transição é tão sutil que ambas parecem formar uma cultura só. Também não são colocadas como fases opostas ou divergentes dado que a cibercultura é resultado de todos os processos comunicacionais envolvidos na cultura midiática. Santaella situa a cultura das mídias como intermediária por estar entre a cultura das massas e a cibercultura. A cultura midiática é uma cultura voltada para os meios, ou veículos, comunicacionais. McLuhan, filósofo e educador canadense, escolhe enfatizar a importância do veículo com sua frase “o meio é a mensagem”, mas Santaella prefere argumentar que o meio é apenas o princípio dos processos comunicacionais, e por isso é a etapa mais superficial. O fundamental que deve ser extraído da formação cultural midiática é o processo em que as diferentes linguagens se misturam nos veículos híbridos. Em outras palavras, todas as culturas anteriores, da escrita, da oralidade, da imprensa e das massas acabam se convergindo nesse período. Enquanto antes era comum se informar através da leitura do jornal diário, agora o receptor passa a receber notícias e informações através da televisão.
A partir desse momento ele escuta e assiste às notícias, quando antes ele lia sobre as mesmas. Tudo se torna disponível: não está em casa na hora do jogo? Deixe uma fita no videocassete gravando o conteúdo para assistir depois. Nesta fase, os receptores passam a buscar por informações e conteúdo de entretenimento específicos, diferente da cultura das massas onde todos eram alvos para um conteúdo generalizado. Já a cibercultura envolve a convergência das mídias da fase anterior. O avanço tecnológico é o fator dominante que possibilita e molda esta tendência. A melhor forma de entender este hibridismo é percebendo que há algum tempo atrás tínhamos diversos aparelhos e equipamentos – cada um responsável por uma função do processo comunicacional. Hoje em dia é possível informar-se e entreter-se a partir de um único aparelho. Ainda com maior especificidade: antes comprávamos revistas para nos informarmos, ligávamos a televisão quando queríamos assistir a um filme, e tocávamos um cd no rádio quando queríamos ouvir música. Hoje em dia fazemos os três ao mesmo tempo ao usar apenas o computador ou até mesmo o celular. No entanto, como marco da cultura anterior, fica a ambição do receptor de ir atrás de tudo que é voltado para ele mesmo. A comunicação está cada vez mais individualizada, assim como o próprio ser humano.
É impressionante ver a progressão da cultura ao longo dos anos e como ela acaba sendo a responsável pela mudança de comportamento da sociedade. Estando sempre em constante evolução, é possível que a cultura digital seja a definidora da cultura que está por vir ou que já está, sutilmente, nos envolvendo.


Paula Mascarenhas

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