O blog perspectiva M está sempre por dentro
das últimas notícias do universo audiovisual publicitário. Mas como chegou
nisso? Por que as peças publicitárias são veiculadas dessa maneira? O post de
hoje vai tentar esclarecer parte do desenvolvimento da comunicação, dos
veículos e da cultura em si. Com base no texto Da cultura das mídias à cibercultura: o advento do pós humano,
escrito por Lúcia Santaella, pesquisadora brasileira e professora titular da
PUC-SP, discutiremos a transição da cultura e seu impacto no comportamento
social. Ao longo dos anos, pode-se dizer que o mundo sofreu diversas formações
culturais. Da forma que Santaella se posiciona, estas formações não são
consideradas ou divididas em épocas, já que este conceito é utilizado quando
envolve um término entre uma fase e outra. Quando falamos de cultura, falamos
de um processo cumulativo que não requer o total esquecimento de algo aprendido
anteriormente. Com isso, as culturas passadas
não se tornam obsoletas e acabam estando sempre presente na formação atual,
mesmo que com menos intensidade. A pesquisadora descreve a cultura como sendo
um organismo vivo, já que está sempre se adaptando ao próprio desenvolvimento
da raça humana e ao que é produzido pela mesma.
Estas pseudo-eras
são responsáveis não só por “moldar o pensamento e a sensibilidade dos seres
humanos, mas também por propiciar o surgimento de novos ambientes
socioculturais.” Dentre as formações culturais estão a cultura das mídias e a
cultura digital, ou cibercultura. A autora tenta separar uma fase da outra já
que, para muitos, a transição é tão sutil que ambas parecem formar uma cultura
só. Também não são colocadas como fases opostas ou divergentes dado que a
cibercultura é resultado de todos os processos comunicacionais envolvidos na
cultura midiática. Santaella situa a cultura das mídias como intermediária por
estar entre a cultura das massas e a cibercultura. A cultura midiática é uma
cultura voltada para os meios, ou veículos, comunicacionais. McLuhan, filósofo
e educador canadense, escolhe enfatizar a importância do veículo com sua frase
“o meio é a mensagem”, mas Santaella prefere argumentar que o meio é apenas o
princípio dos processos comunicacionais, e por isso é a etapa mais superficial.
O fundamental que deve ser extraído da formação cultural midiática é o processo
em que as diferentes linguagens se misturam nos veículos híbridos. Em outras
palavras, todas as culturas anteriores, da escrita, da oralidade, da imprensa e
das massas acabam se convergindo nesse período. Enquanto antes era comum se
informar através da leitura do jornal diário, agora o receptor passa a receber
notícias e informações através da televisão.
A partir desse
momento ele escuta e assiste às notícias, quando antes ele lia sobre as mesmas.
Tudo se torna disponível: não está em casa na hora do jogo? Deixe uma fita no
videocassete gravando o conteúdo para assistir depois. Nesta fase, os
receptores passam a buscar por informações e conteúdo de entretenimento
específicos, diferente da cultura das massas onde todos eram alvos para um
conteúdo generalizado. Já a cibercultura envolve a convergência das mídias da
fase anterior. O avanço tecnológico é o fator dominante que possibilita e molda
esta tendência. A melhor forma de entender este hibridismo é percebendo que há
algum tempo atrás tínhamos diversos aparelhos e equipamentos – cada um
responsável por uma função do processo comunicacional. Hoje em dia é possível
informar-se e entreter-se a partir de um único aparelho. Ainda com maior
especificidade: antes comprávamos revistas para nos informarmos, ligávamos a
televisão quando queríamos assistir a um filme, e tocávamos um cd no rádio
quando queríamos ouvir música. Hoje em dia fazemos os três ao mesmo tempo ao
usar apenas o computador ou até mesmo o celular. No entanto, como marco da
cultura anterior, fica a ambição do receptor de ir atrás de tudo que é voltado
para ele mesmo. A comunicação está cada vez mais individualizada, assim como o
próprio ser humano.
É
impressionante ver a progressão da cultura ao longo dos anos e como ela acaba
sendo a responsável pela mudança de comportamento da sociedade. Estando sempre
em constante evolução, é possível que a cultura digital seja a definidora da
cultura que está por vir ou que já está, sutilmente, nos envolvendo.
Paula Mascarenhas
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